quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SEMANA IV MEYERHOLD: A MATERIALIDADE DO TEATRO

Comentários no Fórum
Re: DISCUTINDO MEYERHOLD
por Jucélia Ferreira Rocha - sexta, 20 novembro 2009, 11:33

Havia entre Meyerhold e Stanislaviski um conflito de gerações: a do “teatro do ator” e a “ teatro do diretor “.Stanislaviski expressa sua inquietação aos experimentos de Meyerhold reafirmando o abismo que existe entre o desejo do diretor e sua realização.
Aproveitar e falar um pouco sobre Meyerold:

Meyerhold ïngressou no Teatro de Arte de Moscou em 1898. Foi um dos primeiros discípulos de Stanislavski, mas desde cedo se tornou, em termos artísticos, inimigo direto do velho mestre. Para ele o Naturalismo estava ultrapassado, o ator realista preocupado em viver seus papéis descuidando-se da parte externa da representação e o sistema psicológico de encenação não funcionavam quando se tratava de montar um drama histórico ou um texto poético; além disso, a cenografia que imitava a realidade castrava a potencialidade expressiva de cenógrafos e encenadores. A influência simbolista e esteticista em Meyerhold é flagrante, mas ele supera essas tendências quando assume uma posição política participante na Revolução Soviética, passando a realizar um teatro de agitação e propaganda, pesquisando novas formas de espetáculo popular, influenciado diretamente pelo circo.

Segundo Meyerhold o que dificultava “processo de inovação” eram os elementos inconciliáveis que utilizava:dramaturgia simbolista, pintores estilizantes e jovens atores formados pelo realismo psicológico do teatro de arte e, então entende que era necessário formar um novo tipo de ator e só então impor-lhe as novas tarefas.

Meyerhold com o desejo de trazer uma nova encenação, rompe com as formas dramáticas de representação e traz para a cena um novo ator. Com todas estas inovações Meyerhold proporciona a criação também de um novo olhar, pois com a criação de uma nova encenação, de um novo ator pressupõe-se a necessidade da “criação” de um novo espectador.

Meyerhold queria um teatro mais “teatral”, menos realista e mais simbólico e estilizado.

Segundo Meyerhold o ator deveria ter consciência que está representando, desassociando-se do personagem, e que, dessa forma, desenvolve um estudo mais aprofundado do movimento do ator, o que vem a chamar de biomecânica

Segundo Meyerhold, a atuação do ator não é outra coisa que o “controle das manifestações de sua excitação”

Comentários no Fórum

Re: DISCUTINDO MEYERHOLD
por Lúcio José de Azevêdo Lucena - quarta, 18 novembro 2009, 08:35
"(...)
Primeiro o relançamento - com direito a uma versão atualizadíssima - do livro Meyerhold - "Écrits sur le théâtre" (volume II) e depois, o livro de Odette Aslan, "Paris capitale mondiale du théâtre - Théâtre des Nations", lançado no dia mundial do teatro, no Théâtre de la Ville, com direito à presença de Emmanuel Demarcy-Mota, diretor do teatro, à apresentação do livro feita por Béatrice Picon-Vallin, e com debate animado por Colette Godard, autora e crítica teatral da maior importância que contou com a participação de Lucien Attoun, diretor do Théâtre Ouvert e André-Louis Périnetti, presidente de honra do Institut international du Théâtre. Chique, très chic...
Para quem não sabe Béatrice Picon-Vallin é diretora de pesquisas no CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), durante anos foi professora de história do teatro no Conservatório Nacional Superior de Arte Dramática de Paris, e é diretora das coleções Arts du spectacle (CNRS), Théâtre XX siècle (L'Age d'Homme, Lausanne) e Mettre en scène (Actes Sud-Papiers, Arles).
Béatrice esteve em novembro passado no Brasil, ocasião do lançamento de seu livro "A Cena em Ensaios", no qual debate o teatro russo da segunda metade do século 20, em edição mais do que especial da Editora Perspectiva. Na época Boris Schnaiderman em artigo no Estado de S.Paulo a reconhecia como "um dos grandes nomes do estudo e discussão das realizações do teatro russo no século 20, embora sua atuação não se restrinja a elas". E dizia mais: "temos neste livro um conjunto de ensaios muito rico de uma grande pensadora do teatro moderno.".
Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3721359-EI11348,00-Borbulhantes+do+eixo+ParisSampaRio.html

Fórum Re: DISCUTINDO MEYERHOLD
por Lúcio José de Azevêdo Lucena - terça, 17 novembro 2009, 09:22

Em comparação com o Mestre e de diferenças possíveis; Meyerhold buscou encontrar pela biomecânica (estudos da neurociência e ciências cognitivas) um corpo de intérprete pensante e que articula ações físicas de movimentos, “fora de um eixo vertical subjetivo” - centrado não mais: no "eu-stanislavskiniano" (mundo interior); mas um corpo em trabalho com a mente, de percepção à ação/ “de conhecer a linguagem corporal” que Marcelo publica; “um corpo na vertical terrestre”, apontado por Fco José e, em “linha reta”, evidenciado aqui, por Rejânia. Divergindo dum “teatro naturalista” que Jorge, nos reinforma. Assim, Meyerhold, reorganizou um corpo de ator para ser “compositor de si mesmo” (que, Silvia nos re-sinaliza) de desestabilizar a platéia pela plasticidade de movimentos em ritmo,melodia e harmonia (música).
Portanto, a partir do segundo Mestre, o ator passa a sistematizar um estudo de corpo em âmbitos (“treinamento” indicado por Vanderli), pelo conhecer (-mente-), em espaço de trabalho (ofício-intenção-ideias em elementos constitutivos do corpo em ação) e de criação (emoções-ideias-articulação com a vida psicológica da peça), de percepção e de racionalidade cognitiva corporal cênica. É, como percebo.
No entanto, foi como escrevi em fórum quando tratei do “ator cego” em cena.
Vejam:
“ (...) No entanto à respeito de cognição do ponto de vista, do Mestre, seria usado somente, no decorrer da elaboração, ensaios, testes em situação dramática de personagens etc. Em cena diante da platéia ele não queria um ator com cognição racional, pois tal cognição "mataria toda a verdade do personagem... seria uma briga dual entre ator e persona " diante da público.

Hoje, século 21 exige-se de um ator cada vez mais consciente de suas ações em cena para não se deixar levar pela inconsciência (emoção/ estar "cego em cena") de seus atos corporais e vocais estando no personagem; como instrumentalizador e a serviço de sua arte (o chamado não se deixar abater pela emoção do personagem(ter técnica), porque na busca da verdade, em cena podemos cair na inverdade).

Seria bom, pesquisar sobre: 50% técnica ou 50% emoção, ou nada disso, em Método Stanislavski!? (...)” Re: TCHECOV POR STANISLAVSKY e o Corpo... por Lúcio José de Azevêdo Lucena - quinta, 12 novembro 2009, 09:32 (http://arteduca.unb.br/ava/mod/forum/discuss.php?d=5493)
Por fim, podemos dizer que o corpo de ator em Meyerhold, é tridimensional. Emanador e catalizador de sentidos físicos e orgânicos, como, um: SOL.
Já, em Stanislavski o ator é um eixo convergente, como, uma: CONCHA – pérola rara - centrado em si pela ação de viver e querer ser o personagem. Mas, em ambos, não há ofuscação de sentidos, por tratarem da vida na arte, em limites da teatralidade, de reter corpo e mente em ação referencial dos fenômenos da percepção / propriocepção / interocepção / exterocepção.
Curso Teatro /UnB/UNIR/MEC
Aluna Jucélia Ferreira Rocha

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